Maranta: o que está por trás do seu “sono” noturno

A maranta é uma planta que intriga e encanta ao mesmo tempo. Suas folhas pintadas com padrões quase artísticos são apenas parte do charme: o verdadeiro espetáculo acontece ao anoitecer, quando ela começa a “dormir”. As folhas se erguem, como se estivessem rezando, em um movimento suave e silencioso. Essa ação noturna é tão impressionante que rendeu a ela o apelido popular de “planta rezadeira”. Mas o que está por trás desse comportamento curioso? E por que a maranta parece interagir com o ambiente como se tivesse um relógio interno? Neste artigo, vamos explorar três curiosidades fascinantes que explicam por que essa planta dorme à noite — e o que isso revela sobre sua inteligência natural.

O movimento noturno da maranta tem nome científico

Chamado de nictinastia, o movimento das folhas da maranta durante a noite é uma resposta natural a variações na luz. Quando o sol se põe, sensores internos da planta detectam a queda de luminosidade, provocando uma mudança na pressão das células localizadas na base das folhas. Esse mecanismo funciona como uma dobradiça biológica e é acionado automaticamente, sem qualquer necessidade de estímulo manual.

Essa adaptação é muito comum entre plantas tropicais de floresta, como é o caso da maranta, originária das regiões úmidas da América do Sul. Ao levantar as folhas à noite, a planta reduz a exposição à umidade do solo e facilita o escoamento da água acumulada sobre a folhagem, evitando o desenvolvimento de fungos e doenças. É uma estratégia de autoproteção que surgiu ao longo da evolução em ambientes onde o excesso de água é tão prejudicial quanto a escassez.

A maranta tem um “relógio biológico” impressionante

Outra curiosidade fascinante é que a maranta não depende exclusivamente da luz externa para saber quando deve mover suas folhas. Mesmo quando colocada em ambientes com iluminação artificial ou em locais onde a claridade não muda drasticamente ao longo do dia, ela mantém seu ciclo de abertura e fechamento. Isso acontece porque a planta possui um ritmo circadiano — um tipo de relógio interno sincronizado com o ciclo de 24 horas.

Esse comportamento indica que a maranta possui um grau de “inteligência vegetal” que a permite antecipar mudanças no ambiente, organizando seus processos internos de forma otimizada. Algumas pesquisas com espécies do mesmo grupo já mostraram que, mesmo isoladas da luz por vários dias, essas plantas continuam “dormindo” e “acordando” no mesmo horário. A regulação hormonal, especialmente por fitocromos e criptocromos, é a responsável por manter essa cadência.

O “sono” da maranta é essencial para seu bem-estar

O fato de a maranta levantar as folhas à noite não é apenas uma curiosidade estética — é vital para sua saúde. Ao mover as folhas, ela melhora sua respiração celular e regula a absorção de água e nutrientes pelas raízes. Além disso, esse movimento permite que a planta “descanse”, economizando energia durante o período noturno, quando a fotossíntese está em pausa.

Para o cultivador, observar esse comportamento é uma forma prática de avaliar o bem-estar da planta. Se a maranta não está “dormindo” à noite, isso pode indicar estresse ambiental, como falta de umidade, iluminação inadequada ou até presença de pragas. Ou seja, o movimento noturno funciona como um termômetro da saúde geral da planta e deve ser monitorado com atenção por quem deseja cultivá-la com sucesso.

Como estimular o comportamento natural da maranta em casa

Se você quer ver sua maranta se movimentando todas as noites, vale a pena criar as condições ideais para isso:

Iluminação indireta e bem distribuída

Evite sol direto, que pode queimar as folhas. A maranta prefere ambientes com luz difusa, como perto de janelas cobertas com cortinas leves. A variação natural entre dia e noite ajuda a manter o ritmo biológico.

Umidade alta e constante

Como planta tropical, a maranta precisa de umidade do ar acima de 60%. Use um umidificador, borrife as folhas com água pura ou agrupe outras plantas ao redor para criar um microclima úmido.

Substrato leve e bem drenado

O solo ideal para marantas deve ser rico em matéria orgânica, leve e capaz de reter umidade sem encharcar. Misturas com turfa, perlita e fibra de coco são ótimas escolhas.

Rotina estável

Evite mudar a planta de lugar com frequência e mantenha horários regulares de rega e adubação. A maranta aprecia previsibilidade, o que reforça seu ritmo interno.

Um espetáculo silencioso todas as noites

Ver uma maranta “dormir” é um lembrete sutil de que as plantas têm suas rotinas, seus mecanismos e até sua forma de reagir ao mundo. Esse gesto silencioso, quase invisível aos olhos apressados, revela o quanto a natureza é sofisticada mesmo nos mínimos detalhes. Cultivar uma maranta é também cultivar a sensibilidade de observar e respeitar o tempo das coisas — inclusive das que não falam, mas se expressam todos os dias.