Você já percebeu sua calatéia com folhas desbotadas, sem aquele padrão marcante que tanto chama atenção? A culpa pode estar na água da torneira. O cloro, presente na maioria dos sistemas urbanos de abastecimento, pode parecer inofensivo, mas para plantas sensíveis como a calatéia, ele interfere diretamente na saúde das folhas — inclusive nas cores e desenhos que a tornam tão especiais.
Por que o cloro afeta tanto a calatéia?
A calatéia pertence à família Marantaceae, conhecida pela sensibilidade à qualidade da água e do ar. Suas folhas, além de ornamentais, são delicadas e funcionam como uma espécie de “termômetro” do ambiente. O cloro age como um agente oxidante, danificando as células das folhas ao longo do tempo, principalmente nas bordas e nas áreas onde há mais pigmentação.
Essa exposição constante pode fazer com que os desenhos centrais fiquem menos definidos, com perda do contraste entre o verde e as outras tonalidades. Além disso, manchas marrons nas pontas e amarelamento progressivo são comuns em calatéias irrigadas continuamente com água clorada.
Sinais de que a água está prejudicando sua planta
Nem sempre os sintomas aparecem de imediato. Mas com o tempo, você pode notar:
- Diminuição dos padrões gráficos nas folhas
- Margens queimadas ou com pontas secas
- Folhas novas que crescem deformadas ou com cores apagadas
- Ritmo de crescimento lento, mesmo com adubação correta
Se sua planta estiver em ambiente bem iluminado, com umidade adequada e ainda assim não estiver saudável, vale observar atentamente a qualidade da água.
Como eliminar o cloro da água antes da rega
A solução é mais simples do que parece. Basta deixar a água descansando em um recipiente aberto por 24 horas. Esse tempo é suficiente para que o cloro se dissipe naturalmente. Outra alternativa é usar água filtrada ou da chuva — desde que não esteja contaminada por resíduos urbanos.
Evite regar com água quente ou muito fria. A calatéia prefere líquidos à temperatura ambiente, de preferência em horários de menor calor (como início da manhã ou fim da tarde).
Pulverização foliar só com água segura
Quem gosta de borrifar as folhas da calatéia para aumentar a umidade deve redobrar os cuidados. Borrifar água clorada diretamente sobre as folhas acelera os danos visuais e afeta a respiração natural da planta. Sempre que for fazer pulverização, use água previamente descansada ou filtrada.
Você também pode instalar um umidificador no ambiente ou colocar bandejas com água e pedrinhas ao redor do vaso, criando um microclima mais saudável.
Substrato e drenagem também influenciam
Além da água, a escolha do substrato impacta na forma como a planta absorve os nutrientes. Calatéias se beneficiam de um solo leve, com boa drenagem e alta retenção de umidade — como uma mistura de terra vegetal, fibra de coco e perlita. Um solo muito compactado acumula resíduos da água, incluindo o cloro, por mais tempo.
Trocar o substrato a cada um ano ou sempre que houver excesso de sais acumulados também ajuda a manter a planta saudável e livre de toxinas.
O impacto do cloro vai além da aparência
O cloro não afeta apenas a estética da calatéia, mas também sua capacidade de realizar funções vitais, como a fotossíntese e a respiração pelas folhas. Quando exposta continuamente à água clorada, a planta pode sofrer estresse oxidativo, o que compromete sua vitalidade e a deixa mais suscetível a pragas e fungos. Esse estresse também interfere na absorção de nutrientes pelas raízes, mesmo que o solo esteja adubado corretamente. Com o tempo, isso enfraquece toda a estrutura da planta, levando à queda de folhas, diminuição do crescimento e até à morte das brotações mais jovens e sensíveis.
Cultivar calatéia é sobre observar detalhes
Essa planta é um convite à atenção. Ela responde a cada pequena mudança: se a luz está forte, ela enrola as folhas; se está com sede, abaixa o viço; e se a água tem cloro, ela simplesmente apaga os próprios desenhos. É por isso que ela fascina — cultivar calatéia é aprender a se comunicar com o silêncio das folhas.